A arte de comprar e vender
A realização de feiras e exposições técnicas já se encontra arraigada entre os hábitos e costumes brasileiros. Desde uma simples mostra realizada em paralelo a congressos de especialidades até empreendimentos de vulto, como uma Fenit ou um Salão do Automóvel, tais eventos constituem uma excelente oportunidade para que os profissionais envolvidos na atividade produtiva, ou mesmo a população em geral, possam tomar contato com novas técnicas e produtos, contribuindo para a prosperidade da nação.
Prova dessa importância está no fato de que muitas dessas feiras começaram de forma modesta, com a finalidade específica de contribuir para a cobertura de custos de congressos e seminários e, mais tarde, acabaram se transformando em eventos com vida própria, de verdadeira projeção nacional.
Há exatamente seis anos, ao realizarmos a I Fenatran – Feira Nacional do Transporte -, apenas quatro heroicas empresas investiram na idéia, mais como forma de contribuição ao setor do que propriamente movidas pela expectativa de retorno do investimento feito. Hoje, no momento em que chega ao fim a 6ª edição do evento, realizada este ano em Salvador nos últimos dias de setembro, fica fácil concluir que a mostra já atingiu sua plena maturidade, evidenciada pela participação de um número recorde de 35 expositores, incluindo os maiores fornecedores do Brasil voltados para o segmento do transporte.
Não se pode dizer que existe uma receita pronta e acabada que possa justificar o crescimento vertiginoso da Fenatran. É certo que o fato de esta ser promovida pela NTC – a entidade maior que representa os empresários do transporte rodoviário de cargas do Brasil – lhe assegura boa parte do sucesso. Em razão disso atrair a presença de público numeroso, de inegável poder econômico e responsável por grande parte de tudo o que se transporta no país.
Mas não se pode negar que a Fenatran tem um certo charme, um tempero cuidadosamente dosado, que a torna atraente e aconchegante tanto para quem a visita como para as empresas que a prestigiam. A contrário de outros eventos abertos à participação do público em geral, a Fenatran se mantém fiel aos princípios que a criaram. Ou seja, a de continuar sendo uma mostra dirigida e fechada, voltada para a promoção de um efetivo intercâmbio de idéias entre fornecedores e usuários, criando condições ideais para a realização de bons contatos e até futuros negócios.
Junte-se a isso o atendimento que é prestado aos expositores antes, durante e depois do evento, de forma quase personalizada, e a atenção que se dá até a mínimos detalhes. Em Salvador, por exemplo, foi contratado um conjunto musical de alta qualidade, que cuidou de animar o público durante a visita à feira, colaborando assim para a manutenção de um ambiente descontraído e bastante animado.
Diante desses fatos é que se espera um grande salto em relação à VII Fenatran, que se realizará em maio do próximo ano, no Rio de Janeiro. Isso porque, concomitantemente à mostra, irá se realizar o 22° Congresso Mundial da IRU – International Road Transport Union – e ainda o 11° Congresso Nacional dos Empresários do TRC.
Pela primeira vez, tendo como palco as dependências do Rio Centro, a Fenatran abrirá suas portas para a visitação de empresários de quase cinqüenta países, sem contar os transportadores do Brasil, que, certamente não desejarão perder essa verdadeira confraternização mundial da categoria.
O exemplo da Fenatran, embora muito particular, ilustra de certa maneira uma tendência que se verifica no setor de feiras e exposições técnicas: o crescimento. É inegável que, apesar das dificuldades sazonais da economia, novos produtos são lançados a cada ano e a se ampliam e se sofisticam as necessidades das empresas e dos consumidores.
Além disso, concorrem para esse crescimento a existência de excelentes locais para a realização de convenções e exposições dessa natureza em praticamente todas as capitais do país, contribuindo para o fortalecimento da atividade.
Não fosse toda a importância que já possui, a existência e expansão das feiras técnicas já estaria justificada por um único detalhe: o fato de, indiscutivelmente, tornar ainda mais agradável a velha magia da arte de comprar e vender.
Autoria: Bernardo Getúlio P. Gomes *
Data: outubro de 1989
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(*) Superintendente comercial da NTC