Linha do Tempo
do Transporte Brasileiro
A história do transporte brasileiro reflete as transformações e o desenvolvimento do nosso país e de seu povo
A descoberta do fogo, o aprendizado da agricultura e a invenção da roda foram eventos que, entre tantos outros, marcaram a trajetória da espécie humana, desde os primórdios da civilização. Eles permitiram a superação do nomadismo, a fixação e a ocupação de territórios, melhores condições de sobrevivência frente às adversidades da natureza e a movimentação de pessoas e coisas por distâncias cada vez maiores. No Brasil, a história dos transportes pode ser contada tendo como ponto de partida os caminhos traçados pelas comunidades indígenas no período pré-colonial. Através dessas rotas – o “Caminho de Peabiru”, por exemplo –, povos como o tupi-guarani podiam percorrer grandes distâncias, até mesmo ultrapassando as atuais fronteiras do Brasil e penetrando territórios que, hoje, pertencem a países vizinhos. Afora isso, os indígenas já navegavam pelos nossos rios utilizando-se de pirogas – um tipo primitivo de canoa que, aqui, já existia muito antes de 1500. Com a chegada dos europeus, o transporte ganhou novo impulso, pelos conhecimentos mais avançados de navegação dos conquistadores: a construção de embarcações maiores; o uso, ainda que incipiente, da navegação costeira (cabotagem), além das rotas terrestres e fluviais já dominadas pelos povos originários. Ao longo dos séculos, os meios de transporte induzem transformações sociais e culturais, bem como a evolução dos saberes, das técnicas e da economia, que, por sua vez, demandam cada vez mais mobilidade. Essa linha do tempo pretende destacar os marcos mais importantes do desenvolvimento do transporte entre nós. E, por meio deles, contar a história – ou melhor, as muitas histórias – do nosso passado, próximo e remoto. Boa viagem!
Período Pré Colonial

- Caminho de Peabiru
- Caminhos indígenas
- As primeiras embarcações
- 1415
Caminho de Peabiru
Construído por indígenas antes da chegada de portugueses e espanhóis na América, o Caminho de Peabiru foi importante rota que ligava o Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico. Segundo pesquisas históricas, o caminho era utilizado por indígenas, dentre eles, os Tupis-Guaranis, que habitavam terras brasileiras, e os Incas, na região do Peru e dos Andes.
Caminhos indígenas da Amazônia pré-colonial
Pesquisadores conseguiram mapear caminhos que conectaram aldeias com distância de até 10 quilômetros e uniram culturas distintas, em períodos pré-coloniais, que habitavam regiões da Amazônia boliviana e o atual território do Acre, no Brasil. Vestígios arqueológicos e geoglifos tornaram possível a identificação de uma rede de estradas entre as aldeias.
As Grandes Navegações
As Grandes Navegações são um capítulo importante da história do Brasil. A partir delas, chegaram em nossas terras os antepassados colonizadores, europeus movidos por interesses comerciais, políticos, religiosos e pelo imaginário fantástico. O desconhecimento dos mares e dos continentes suscitava, então, medos e teorias que foram registrados em relatos de viagem, uma fonte vastíssima de informação sobre um período marcado pelo desenvolvimento econômico e científico.
Século XVI

- 1500
- 1500
- 1531
- 1532
- 1532
- 1534
- 1537
- 1540
- 1548
- 1549
- 1549
- 1554
- 1560
- 1565
Chegada de Pedro Álvares Cabral
A partir de 1500, com a chegada dos portugueses em terras brasileiras, nossa história começa a ser contada sob o ponto de vista do colonizador. Por meio de relatos de viagens, cartas e registros de navegação, o Velho Mundo expressa suas percepções e planos para a colonização do Novo Mundo. O Brasil foi parte dessa história marcada por explorações, escravidão e desenvolvimento, e os meios de transporte foram fundamentais para..Leia Mais
Escravidão e tráfico de escravos
A escravidão e o tráfico de pessoas escravizadas conformam um dos capítulos mais violentos e trágicos da história do Brasil. Pela dominação e pela força, indígenas nativos e negros africanos tiveram expropriados seus direitos, sua liberdade e sua autonomia social. Entender a complexidade dessa questão histórica equivale a ter consciência das desigualdades e dos traumas que persistem no nosso presente.
Primeiras embarcações na colonização
Durante o século XVI, Martim Afonso de Sousa, administrador português e primeiro donatário da Capitania de São Vicente, edificou uma casa-forte na Baía de Guanabara. Nesse local, foram construídas as primeiras embarcações europeias no Brasil. Eram dois bergantins – veleiros do tipo da galé, de um a dois mastros e velas redondas ou latinas triangulares –, cuja produção se deu com a utilização de mão de obra indígena. Este é..Leia Mais
Porto das Naus
Tombadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephaat), em 1977, as ruínas do primeiro trapiche alfandegário do Brasil encontram-se na cidade de São Vicente (SP) e remontam ao século XVI. O Porto das Naus, como era chamado, parece ter sido um local de armazenamento e comercialização, mas existem muitas controvérsias sobre suas reais funções portuárias e alfandegárias.
Cana-de-açúcar: da lavoura ao transporte
Até a década de 1530, a extração do pau-brasil era a principal atividade exercida por negociantes portugueses, com a utilização da mão de obra indígena. Já a lavoura de açúcar e o estabelecimento dos engenhos, baseados na monocultura e na mão de obra africana escravizada, configuraram o processo de ampliação da colonização e exploração do território brasileiro.
Capitanias Hereditárias
Até meados do século XVI, a Coroa portuguesa não possuía um modelo de ocupação para o território recém-descoberto. Só em 1534 as terras brasileiras foram divididas em Capitanias Hereditárias, que foram entregues a 12 donatários portugueses, dentre eles membros da pequena nobreza e altos funcionários ligados à Coroa.
Porto do Recife
Chamada pelos navegadores portugueses de “arrecifes”, a região do Porto do Recife desenvolveu-se a partir de uma rica atividade que aliou a navegação no Atlântico e a navegação por cabotagem. No século XVII, a região experimentou um franco desenvolvimento, tornando-se um dos principais centros de atividade comercial da colônia.
Porto de Santos
Do surgimento à consolidação do Porto de Santos como o maior do país em movimentação por tonelagem de cargas, deu-se uma longa trajetória. Para conhecê-la, devem ser resgatados aspectos essenciais da história de um atracadouro do Brasil Colônia que veio a se transformar na principal porta de ligação do Brasil com o mundo.
Governo-Geral
O Governo-Geral, criado em 1548, tinha o objetivo de garantir o controle e a centralização do poder da Coroa sobre a administração das terras na colônia. Um dos fatores que favoreceram a adoção desse novo modelo foram as resistências indígenas, que dificultavam a permanência de donatários em várias das capitanias hereditárias.
Porto de Salvador
A história do Porto de Salvador, também conhecido como Porto do Brasil, confunde-se com a da fundação da cidade e criação da primeira Alfândega do Brasil, instituída oficialmente em 1549, quando da oficialização do Governo-Geral. A iniciativa da Coroa portuguesa tinha, como objetivo, estabelecer um projeto mais coerente para a colonização do Brasil, controlando a exploração e a ocupação do território.
Missões jesuíticas
Durante a colonização, os jesuítas desempenharam um importante papel no povoamento do território brasileiro. Organizados pela Companhia de Jesus, tinham como missão a expansão do cristianismo contra as influências do protestantismo. Assim, no Novo Mundo, os jesuítas foram responsáveis pela fundação de vilas e pela construção de colégios e igrejas em regiões que se tornariam importantes cidades.
Entradas e Bandeiras
Desde a segunda metade do século XVI, incursões chamadas de “entradas” e “bandeiras”, chefiadas por portugueses e particulares, abriram novas possibilidades de controle e exploração para a colônia portuguesa. As expedições foram executadas com violência contra missões jesuíticas e os indígenas nativos, forçados a servirem de guias e mão de obra para os bandeirantes.
Os primeiros caminhos da Serra do Mar
A Serra do Mar sempre foi o principal obstáculo daqueles que buscavam chegar até o Planalto Paulista desde a baixada santista. Até o início do século XIX, homens e mulheres transitavam por precárias trilhas e caminhos estreitos, arriscando suas vidas nas longas escarpas da Serra para chegar à região de São Vicente ou aos “sertões” de um território ainda desconhecido.
Porto do Rio de Janeiro
Até fins do século XIX, o Porto do Rio de Janeiro era, na verdade, um conjunto de cais e trapiches estabelecidos em vários pontos do litoral da capital fluminense. Nesse espaço, desenvolveu-se uma importante dinâmica comercial marítima, ao longo do período colonial, que resultou na formação de uma sociedade portuária de estreitos vínculos com o mundo Atlântico.
Século XVII

- 1612
- 1649
- 1690
- 1695
- 1698
Portos de São Luís e de Belém
Os atracadouros de São Luís e Belém, antepassados dos portos homônimos, surgiram em regiões nas quais também foram construídos fortes para garantir a defesa do território. Deram origem a povoados e, posteriormente, cidades-marítimas que garantiram o contato com a hinterlândia (regiões do interior) e com o mundo atlântico, mantendo o comércio e estabelecendo sistemas administrativos peculiares.
Companhia Geral para o Estado do Brazil
Instituída pela metrópole com o objetivo de monopolizar o comércio colonial, a Companhia Geral do Comércio do Brasil atuou de 1649 até 1720. Com o fim da União Ibérica e a retomada de sua autonomia, a Coroa portuguesa buscou mecanismos administrativos para manter o controle comercial e das terras, e garantir o processo de colonização do Brasil.
Caminho da Bahia
O Caminho ou Estrada da Bahia foi uma das primeiras vias de ligação entre a sede do governo metropolitano, Salvador, e as minas. Seu traçado remonta às picadas abertas por indígenas antes mesmo da chegada dos portugueses, mas sua consolidação e controle foi obra de bandeirantes e administradores, preocupados com as rotas de comércio e o controle dos contrabandos.
A descoberta das minas e do ouro
A descoberta das minas de ouro e pedras preciosas na segunda metade do século XVII moveu grandes contingentes populacionais à região das “Gerais”. Durante o chamado “ciclo do ouro”, o povoamento de zonas centrais da colônia deu origem a uma nova fase do período colonial, que impactou a economia, a vida em sociedade e a administração da Coroa portuguesa.
A Estrada Real e os caminhos do ouro
Estrada Real é a denominação conferida a um conjunto de caminhos oficializados pela Coroa portuguesa, pelos quais deveria ser feito o trânsito de ouro e diamantes extraídos das Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro. A decisão foi resultado de uma política fiscal e de controle para evitar o contrabando dos minérios e garantir o recolhimento dos impostos.
Século XVIII

- 1720
- 1727
- 1730
- 1731
- 1761
Tropas e tropeiros
A exploração do ouro nos interiores da colônia demandou uma mudança nos sistemas de transporte terrestre. Fizeram-se necessários caminhos e rotas mais seguros e eficientes para o transporte dos metais. Nessa época, os tropeiros e os animais de carga foram fundamentais para manter o fluxo e refluxo de mercadorias e o abastecimento de regiões que passaram a ser densamente povoadas.
Caminho das tropas
O Caminho das Tropas foi uma importante rota aberta no século XVIII para a passagem das tropas de cavalos, bois e muares desde o sul até as províncias da região sudeste. Partindo de Viamão, no Rio Grande do Sul, o caminho tinha como destino a cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, então principal centro de comercialização dos animais.
Indústria naval brasileira
Apesar da construção de dois bergantins, em 1531, o início da indústria naval no Brasil data do século XVIII, quando da instalação dos Arsenais da Marinha e da construção de uma infraestrutura que permitiu mais do que reparar embarcações portuguesas, viabilizando instrumentos e ofícios para a produção de navios e naus.
Século XIX

- 1808
- 1808
- 1822
- 1840
- 1854
- 1861
- 1864
- 1866
- 1879
- 1888
- 1889
Chegada da família real portuguesa
Com as ameaças de invasão do território português por Napoleão Bonaparte, o príncipe regente Dom João encontrou, na maior colônia do império, o refúgio para a Família Real. A chegada dos membros da Coroa ao Brasil aconteceu em 22 de janeiro de 1808, com o desembarque em Salvador, depois de mais de 50 dias de viagem.
Independência do Brasil
A Independência do Brasil está diretamente relacionada à crise do antigo sistema colonial, aprofundada pela família real portuguesa pelo fim do exclusivo comercial. Além disso, os movimentos sociais de rebelião escrava e pela emancipação, como os ocorridos em Pernambuco e Bahia, revelavam o esgotamento das relações com a metrópole e a insatisfação com o vínculo colonial.
Segundo Reinado
A ascensão de Pedro II ao trono colocou fim ao período das Regências. O Segundo Reinado foi pontuado por embates entre liberais e conservadores, além de movimentos, como o republicano e o abolicionista. Tem como marcas a urbanização e a modernização, além de esforços para a consolidação do Estado-nação.
A Primeira Ferrovia do Brasil (Estrada de Ferro Mauá)
Em 30 de abril de 1854, Pedro II inaugurou a primeira ferrovia do Brasil. Construída por Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, a Estrada de Ferro Mauá ligava o Porto de Estrela, situado ao fundo da Baía da Guanabara, à localidade de Raiz da Serra (ou Vila Inhomirim), Magé, em direção a Petrópolis, compreendendo as estações de Mauá e Inhomirim.
Guerra do Paraguai
Conflito bélico entre o Paraguai e a chamada “Tríplice Aliança”, formada por Brasil, Argentina e Uruguai. Durante mais de cinco anos, os países envolvidos buscaram defender suas fronteiras, manter a navegação e o controle da Bacia do Prata, rota fundamental para o transporte de mercadorias e de passageiros, além do abastecimento e desenvolvimento social e econômico da região.
Navegação no Rio Amazonas
A história da navegação no Rio Amazonas e seus afluentes incorpora uma série de disputas por rotas comerciais interprovinciais e o escoamento de mercadorias até o Oceano Atlântico. Entre as particularidades do tema, incluem-se os debates no parlamento brasileiro sobre a soberania nacional e o controle das companhias de navegação.
Ciclo da Borracha
A produção da borracha na região amazônica, que teve início no século XIX, fomentou o desenvolvimento econômico e social, além de expandir cidades e sistemas de transporte. Durante as primeiras décadas do século XX, no entanto, a implementação de seringais em colônias inglesas na Ásia fez cair drasticamente a competitividade do Brasil no mercado mundial.
Abolição da escravidão
Após séculos de trabalho forçado, a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, pôs fim ao persistente regime de escravidão no Brasil, o último país da América a libertar os escravos. Tal desfecho resultou de um conjunto de fatores, como o movimento abolicionista, as revoltas escravas e a resistência cotidiana antiescravista.