A Central e sua autonomia
A orientação dos serviços industriais de uma empresa de transportes é tarefa bastante complexa na atualidade.
As transformações que foram sofrendo, de vinte anos para cá, as normas de administração, tanto publica como privada, obrigaram a concepção nova sobre os interesses fazendo desaparecer as grandes muralhas que colocavam de um lado, o capital como uma propriedade com direitos intangíveis, deixando no outro lado o interesse dos indivíduos gravitando ao redor das possibilidades que aquele capital lhe facilitasse.
Entretanto, assim não encaram mais as coisas públicas nos dias que correm; e, colocando em primeiro plano os grandes interesses coletivos que sublimam no grande interesse nacional que a Nação representa como um verdadeiro Ideal dos seus cidadãos – toda a direção dos serviços públicos está obrigada a orientar-se por dois grandes caminhos. Um, representado pelo conjunto de interesses políticos e econômicos, diretamente ligados ao regular funcionamento administrativo da Nação, aí incluídos os objetivos da Defesa Nacional; outro, mais difícil de trilhar, é concretizado pela justa e proficiente aplicação dos recursos materiais em benefício dos indivíduos, suas indústrias, seu comércio e suas relações sociais.
A função dos Diretores das ferrovias precisa se desdobrar de uma maneira complexa e, para que haja eficiência e possam ser atingidos com sucesso todos os objetivos visados, é indispensável que entre o órgão de Comando supremo e os executores imediatos haja uma grande dose de confiança, espírito de colaboração e mútuo respeito.
Para mim, na direção da Central e inaugurando o novo regime autárquico que está sendo experimentado desde meados do ano passado, – a tarefa de coordenação de esforços em prol desse valioso empreendimento, que a clarividência do nosso preclaro Presidente Dr. Getulio Vargas determinou tentar-se para melhorar ainda mais as condições desta Estrada, tem sido facilitada pelo decidido apoio que vou encontrando entre todos os meus funcionários.
Não obstante, com justiça e satisfação, saliento que, além da dedicação e boa vontade dos funcionários em geral, a cooperação dos engenheiros tem sido o maior estímulo para o meu trabalho na Central, dando-me de poder, assim, corresponder à confiança com que me distingue o Sr. Presidente da República.
A colaboração desses competentes técnicos é das mais meritórias, pois, apraz-me confessar, altiva, independente e cheia de experiência como tem sido até agora, eleva esses ferroviários, tornando-os dignos da sua nobre profissão.
A Associação de Engenheiros da E. F. Central do brasil tem uma bela missão em marcha de que a Revista Ferroviária é o mais representativo marco e auguro-lhe sucesso certo, com longa vida, desde que seus dignos consócios continuem a compreender com tanta elevação e nobreza o espírito associativo como até agora vem fazendo.
Autoria: Napoleão de Alencastro Guimarães (*)
Data: janeiro / 1942
Publicação Original: Revista Ferroviária 1942 – Vol.3 – Número 1 – Janeiro
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(*) Diretor da E. F. Central do Brasil.