Aproximação ferroviária
Em que pese aos derrotistas, que vivem apregoando a morte dos trilhos, podemos afirmar sem receio de contestação, que cada vez mais faz-se sentir a influencia decisiva das Estradas de Ferro como fator de progresso, desenvolvendo e facilitando a circulação das riquezas, vinculando e engrandecendo as nações entre si.
Principalmente si volvermos as vistas para o nosso Pais, onde os empreendimentos no campo da industria, da agricultura e da pecuaria, avultam de dia a dia, verificamos que todas essas realisações não seriam possiveis sem o concurso preponderante das nossas ferrovias.
Os Estados Unidos da America do Norte, cujo progresso vertiginoso constitue um exemplo vivo, digno de ser imitado, deve esse milagre aos meios de transporte propiciado pela sua extensa rêde ferroviaria.
Atravessando sertões adustos, extensões de terras incultas porém ferases, implantando no solo o germen de futuras cidades representados pelas estações ferroviarias distribuidas no vasto hinterland despovoado, a Estrada de Ferro vem cumprindo um programa primordial na formação das jovens nações do continente americano.
Nessa gloriosa tarefa nenhuma outra organisação poderia sobrepuja-la. Mesmo nos paises da velha Europa onde a civilisação chegou ao seu vertice, ainda esse meio de transporte presta como nenhum outro contribuição decisiva para a vida economica das nações.
É certo que em futuro bem proximo o transporte de passageiros a grandes distancias será feito na sua quasi totalidade por via aerea.
Isso porém não constituirá prejuiso e sim beneficio para as proprias ferrovias, pois é sobejamente conhecido que o passageiro é uma mercadoria de transporte caro, que as Estradas de Ferro conduzem para atender mais a um imperativo social do que mesmo visando resultados economicos.
O Brasil mais do que qualquer outra nação americana necessita adotar uma politica ferroviaria intensa e continua. Sua grande extensão territorial exige que se levem os trilhos aos afastados rincões das suas fronteiras, facilitando o desbravamento dos sertões, permitindo a formação de nucleos de colonisação, com vida propria, e contribuindo para o aproveitamento de regiões até agora inteiramente abandonadas.
O projeto de vinculação ferroviaria com os nossos visinhos do Paraguay e da Bolivia, que já vem assumindo forma concreta, é um dos mais transcendentes programas do Estado Novo, para cuja realisação não tem poupado esforços o Presidente Getulio Vargas.
Estabelecidas as comunicações com os nossos visinhos do Sul e do Oeste, facilitando assim uma politica de boa visinhança, bem como intensificando o intercambio comercial e prosseguindo sem esmorecimento na execução desse programa ferroviario cuja espinha dorsal é a ligação de Pirapora a Belem do tārá, poderemos com toda segurança prever para o nosso pais, em juturo bem proximo, um grande surto economico, justa recompensa da clarevidente orientação do seu Governo e da capacidade e dedicação dos brasileiros empenhados nessa benemerita crusada de progresso e de patriotismo.
Autoria: Luiz Alberto Whately*
Data: 01 de março de 1941
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(*) Engenheiro chefe da Comissão Mixta Brasileiro-Boliviana