Conexão sobre Trilhos em Favor do Passageiro e Produtos

A conexão está na base da vida das pessoas. E esse é o tema que a Revista Ferrovia aborda nesta edição, ouvindo especialistas, trazendo análises, opiniões e as tendências sobre a conectividade. A questão da mobilidade é uma exigência da sociedade, tanto em termos de pessoas como de bens de consumo, já que ambos cobram processos de logística ágeis que atendam às demandas de quem os utilizam. Simplesmente, não dá para pensar em transporte de uma forma desconectada da economia.

E o requisito básico para a rapidez é o desenvolvimento de uma cadeia de conexões, ligando vários pontos. No caso das pessoas, a maior parte dos deslocamentos ocorre por meio de transferências entre modais como transportes sobre pneus e trilhos, barcos e balsas que podem ser combinados com trechos percorridos por bicicletas ou aplicativos de viagens como uber, 99 e cabify, por exemplo.

As bicicletas têm forte apelo ambiental e de qualidade de vida. Mas existem outros meios de locomoção. No Rio, as barcas fazem a travessia para Niterói e o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos). Em São Paulo, um dos destaques são as integrações realizadas no transporte sobre trilhos. E essa tendência é cada vez maior, porque a opção pelos trens gera economia de tempo, além de ser feita com uma matriz energética mais eficiente.

Por isso, o sistema metroferroviário é essencial na cidade mais populosa do Brasil. Com mais de 12 milhões de habitantes, é impossível imaginar a Região Metropolitana de São Paulo sem a sua malha sobre trilhos, que tem imenso atrativo em razão da rapidez e do custo baixo, diante de ruas congestionadas e do alto preço dos combustíveis.

Entretanto, além do deslocamento de pessoas, precisamos girar nossa bússola para o transporte de cargas e de bens de consumo. Se por um lado a pandemia introduziu o home office, na outra ponta estimulou o crescimento consistente do e-commerce. Já no período pós-pandemia, as commodities experimentaram uma surpreendente valorização, especialmente de grãos, minério de ferro e metais usados nas indústrias de infraestrutura e de aparelhos eletroeletrônicos.

Portanto, um bom planejamento envolvendo o transporte de passageiros e cargas sobre trilhos é imprescindível para a economia do país. O investimento para conectar o sistema de trens e metrô com os demais modais é uma receita perfeita para atrair público, reduzir congestionamentos e diminuir emissão de poluentes. Isso tudo representa uma das chaves para a tão sonhada qualidade de vida.

As empresas também têm de priorizar outros tipos de ações que geram conexões internas. A implantação do Boulevard João Carlos Martins, que liga o interior da Estação da Luz ao estacionamento da Sala São Paulo, maior espaço de concertos da América Latina, é um exemplo:  mantém o passageiro dentro do sistema, oferecendo integrações gratuitas com as linhas da CPTM, Metrô e ViaMobilidade.

A nova passarela que liga a Estação da Luz ao polo comercial da Rua José Paulino é outro caso de conexão rápida. O que se observa é que, quando a CPTM disponibiliza outras alternativas, estimula as pessoas a utilizarem mais o seu sistema. Nesse contexto, a ligação ocorre desde o início do embarque, no momento em que o passageiro entra em uma estação e insere o bilhete QR Code ou cartão de transporte para ser validado conduzindo-o até seu destino.

Hoje, milhões de cabos conectam pessoas, empresas, pontos de vendas e prestadores de serviço. Então, é urgente pensar num ambiente estrutural de conexão muito mais profundo do que o básico oferecido atualmente aos passageiros. O mercado já tem esta visão: oferecer conexão é tão importante quanto disponibilizar energia elétrica. Se você tem um celular e não está ligado a uma rede, ele é um aparelho inútil. Assim, prover Wi-Fi dentro do sistema é fundamental.

O transporte sobre trilhos usa energia limpa e a consciência dessa mobilidade rápida, barata e com vertente ecológica é um estímulo para que passageiros, gestores e clientes de carga tomem decisões que gerem vínculos, preservem o meio ambiente e melhorem a saúde de todos, impactando positivamente nossa coletividade.

Essa conexão pode parecer algo intangível, mas é uma útil realidade. Veja a questão da carga transportada por trens, que retira milhares de caminhões das estradas e das cidades, reduzindo acidentes, congestionamentos e poluição, observando assim que o transporte sobre trilhos promove segurança na rotina e na vida das pessoas.

As empresas que têm essa consciência investem em logística, em sistemas e em novas formas de conexão a favor dos passageiros e dos produtos transportados. É essa visão que deve nos guiar para nos tornarmos uma comunidade mais igualitária, harmoniosa, próspera e com oportunidades para todos.

A proposta desta edição da Revista Ferrovia é gerar conexão de consciência e que as pessoas avaliem não só como estão se deslocando, mas também entendam que fazem parte de um processo que gera bem-estar para os demais. Nossa sociedade é resultado das escolhas de indivíduos e de empresas. Portanto, devemos pensar no conforto dos passageiros, na economia, no meio ambiente, de modo a criar um mundo melhor.

Autoria: Wellington José Berganton*

Data: 01/10/2022

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(*) Presidente AEEFSJ, Gerente Geral Operação (CPTM), Gerente de Linhas e Serviços (CPTM), Presidente Camara Transportes CB6 ABNT, Pós Graduação IFIT Bélgica.