Ângelo Amaury Stábile – Transporte das safras agrícolas
Publicada originalmente na Revista BR – n 162 – novembro / 1979
Político, economista e Ministro da Agricultura, à época (1979), concede entrevista para a Revista BR.
1 – Que providências estão sendo tomadas pelo MA junto aos outros organismos oficiais competentes para garantir o transporte das safras agrícolas no próximo ano?
– O MA, a Cibrazem, que é a empresa de armazenamento do MA tem uma unidade chamada Gremos Grupo Executivo de Movimentação de Safras. No Gremos existem elementos do M. do transporte que através de uma ação conjunta está localizando principalmente nas áreas em que se espera uma grande produção, as estradas vicinais que eventualmente tenham algum problema. A ideia é chegar antes do problema. É verificar numa avaliação cuidadosa as áreas críticas do transporte.
2- Está havendo alguma melhoria no sistema portuário, Santos, Rio Grande, Paranaguá, Porto Alegre e Rio de Janeiro, para garantir a exportação da safra de grãos e outros produtos agrícolas?
– O manejo das safras nos portos está sendo também cuidadosamente analisado a fim de que se possa eliminar as dificuldades e os desperdícios que surgem no manejo inadequado das safras. O esquema de corredores de exportação prevê a presença do ministério dos transportes, diretamente nos portos, a fim de que se procure eliminar as dificuldades. Esse aspecto também está sendo analisado. De efetivo, o Ministro Eliseu Resende já está agindo em alguns dos portos onde existem dificuldades mais notórias. Não sei dizer exatamente qual é a ação atual dele, mas que isso está sendo objeto de cuidados.
3- Será instituído algum subsídio aos transportadores para que se empenhem no transporte das safras agrícolas nas épocas oportunas, não se comprometendo com o transporte normal de mercadorias?
– Não se está pensando em subsídios. Ao contrário se está pensando em eliminar gradativamente os subsídios. Achamos que, com os preços que os produtos agrícolas vão obter de mercado, o produtor, o comerciante vai poder pagar as taxas de transporte que normalmente vão-se constituir devido à pressão do próprio mercado.
4- Haverá seguro para indenizar os produtores nos prejuízos causados pela falta de transporte de suas produções agrícolas?
– Não. Realmente não se pensou nesse tipo de seguro.
5- Haverá preferência nos portos para navios graneleiros ou de transporte de produtos agrícolas, nos períodos de picos de safras, no caso dos frequentes congestionamentos dos portos (Santos e Paranaguá, principalmente). O Ministério tomou alguma providência nesse sentido?
– A saída de produtos o mais rápido possível, principalmente dos grãos, é de grande importância a fim de evitar que esse produto seja mais onerado. Eu confesso que não existe nenhuma medida prática ainda nessa intenção, mas o próprio Gremos está cuidando de avaliar bem e irá propor algumas medidas concretas a esse respeito.
6- Há estrutura na Cibrazem para a estocagem de produtos agrícolas que não possam ser transportados de imediato e quanto custará essa estocagem? Haverá subsídio oficial ou financiamento?
– A Cibrazem está com uma capacidade estática de aproximadamente 4 milhões de toneladas, está procurando acelerar os seus investimentos a fim de aumentar essa capacidade, principalmente na construção de equipamentos não permanentes a fim de poder atender situações de emergência e está procurando preparar-se para as grandes safras que vêm aí. Nós temos a preocupação de não só nos armazéns existentes, mas usar todas as áreas possíveis para guardar o grão quando vierem as safras, escolas, quartéis, igrejas, como foi feito no ano passado, será feito agora.
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