Carreteiros
Até 1982 o transporte de produtos químicos no Brasil era realizado sem muitas exigências. Naquele ano alguns ajudantes de caminhão, no Rio de Janeiro, morreram ao manusear pentaclorofenato de sódio, um herbicida (também conhecido como “pó da China”), que tinha vazado de sacos em que o produto era embalado e transportado. Diante do clamor provocado por aquele episódio, o então Presidente da República, João Figueiredo, ordenou ao Ministério dos Transportes que editasse uma legislação específica para regulamentar esse tipo de transporte.
Em razão disso, foi baixado, depois de muitos estudos, o Decreto 88.821, de 6 de outubro de 1983, assinado pelo então ministro Cloraldino Soares Severo. Assim, o país, que não possuía legislação sobre o tema, passou a ter uma das leis mais rigorosas do mundo, sem um prazo adequado para as devidas adaptações. Houve, naquela época, muitos protestos de empresas e autônomos, no sentido de simplificar e flexibilizar a nova legislação.
Um desses movimentos foi a chamada Manifestação dos Carreteiros de 1985, formada por condutores autônomos de cargas perigosas que se reuniram em frente às indústrias químicas em Santo André e na Baixada Santista. Além das reivindicações por melhoria nas condições de segurança de trabalho, os trabalhadores pediam fretes com tabelas padronizadas, garantia de respeito à tabela, pagamento de pedágio (que até então era pago por eles), repasse automático do preço do diesel e pagamento do tempo de espera.
Protesto dos carreteiros em 1985, próximo à estação Luz do metrô na região central de São Paulo