Domingos Panzan
Domingos Panzan nasceu na localidade de Monte Mor – SP, no dia 13 de junho de 1915, ano em que o mundo se encontrava em plena Primeira Guerra Mundial.
Era um homem simples do interior como tantos, descendia de família italiana que aportara no país, em condição bastante desfavorável no início do século XX. Domingos enfrentou percalços de subsistência com a perda precoce do pai num acidente. Deu a volta por cima, sem, contudo, perder a ligação com a sua história, que fazia questão de narrar aos filhos e aos amigos mais próximos.
Em 1932, Domingos e Affonso (seu irmão), passaram a morar sozinhos, tocando a vida por conta própria. Logo arranjaram emprego numa fábrica de tecidos para trabalhar com máquinas de colheita e beneficiamento de algodão.
Nessa mesma época, Domingos conheceu Ida Orlando, também descendente de italianos. Casaram-se em 1938, e no ano seguinte tiveram o primeiro filho, a menina Shirley. Posteriormente tiveram os filhos Romeu Panzan, Carlos Alberto Panzan e Ademir Panzan.
Contando com ajuda do tio Vittorio, irmão de seu falecido pai Roberto, que lhe emprestou dinheiro, Domingos conseguiu comprar um caminhão e foi com muito trabalho e determinação que começou a dar outra direção à sua vida. O caminhão adquirido era um Chevrolet Ramona 1938, com o qual ele fazia alguns trabalhos na região de Sumaré – SP.
Domingos acertou as condições da empreitada e mudou-se com a família para a cidade de Jundiaí, de lá ele cuidaria de abastecer de lenha as locomotivas de Jundiaí e Campinas, além de distribuir lenha às famílias dos ferroviários da cidade.
Com o passar dos anos, o trabalho foi aumentando e Domingos Panzan precisou adquirir mais um caminhão para executar o mesmo serviço, dessa vez um Chevrolet Tigre, e contratou um pessoal para ajudá-lo nessa tarefa. Assim como o transporte de outras mercadorias iam surgindo na cidade, principalmente com destino a São Paulo, o trabalho principal de Domingos como puxador de lenha para a Companhia Paulista diminuía e, aos poucos, dentro daquela realidade, o perfil de seu negócio ia sendo redesenhado.
Nesse trabalho de carreteiro, desde o início da década de 1940, ele havia conquistado seu espaço na cidade pelo bom serviço que prestava, pela simpatia, pela disposição para seu trabalho, pela facilidade em relacionar-se e, principalmente, pela honestidade e ética de seu pequeno negócio.
Domingos Panzan, que conhecia bem o negócio de transportar cargas, estava no lugar certo e no momento favorável à consolidação de seu negócio. A cidade de Jundiaí, em seus mais de 300 anos de história, ficava muito próxima do maior centro industrial do país, contava com um comércio bem desenvolvido e tinha indústrias dos mais diversos segmentos.
Com o desenvolvimento industrial brasileiro em processo acelerado e a diversificação da produção, concentrada em São Paulo, muitas cargas precisariam ser transportadas para abastecer os mercados da região e eixo Rio-São Paulo, centro-sul e nordeste do país. Domingos Panzan, um homem de visão e experiente no ramo de transportes, estava pronto para disputar parte daquele mercado, aproveitando todas as oportunidades de um negócio promissor. Talvez fosse o momento de organizar-se como empresa, e a decisão veio por influência de seu irmão Affonso Panzan, que já havia criado a Transportadora Americana e estava indo bem naquele ramo. No dia 01 de janeiro de 1959, Domingos registrou a firma individual com o nome dele, no ramo de “Gênero de Comércio: Empresa de Transportes – Expresso”, no endereço de sua casa, no bairro São João Batista, em Jundiaí – SP, com um capital inicial de Cr$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros). Os filhos passaram a trabalhar com o pai e, embora ainda não fossem sócios, participavam ativamente, mas a direção continuava nas mãos de Domingos.
Em 1963, ele decidiu reinventar a empresa, transformando seus filhos em sócios da nova sociedade limitada, cuja denominação passou a ser “Expresso Jundiaí São Paulo Ltda.” Aos poucos, a Expresso crescia e ocupava os espaços no mercado de transporte de cargas.
Após alguns anos, Domingos afastou-se, deixando a condução executiva dos negócios nas mãos dos filhos nos quais ele confiava e que já haviam demonstrado competência para gerir e ampliar o negócio que ele havia criado.
Quanto mais o tempo passava, mais Domingos se apegava às pessoas em volta dele. As demonstrações de carinho e a cobrança por atenção eram cada vez mais frequentes, especialmente depois de ter perdido a grande companheira de sua vida, Dona Ida.
Até que, em 03 de janeiro de 2001, Domingos alcançou o fim da estrada e partiu. Aos seus descendentes, Domingos Panzan deixou a melhor herança que se pode legar: o exemplo de honestidade e trabalho.
À memória de Domingos Panzan que, com seu empreendedorismo, criou uma nova perspectiva para seus descendentes e contribuiu para que a cidade de Jundiaí se projetasse como polo econômico no cenário nacional.
Saiba mais sobre a história do transporte brasileiro: https://memoriadotransporte.org.br/acervo/