Impactos da pandemia e olhar para a retomada
Não é segredo para ninguém que a pandemia do novo coronavírus e seus impactos pegaram todo mundo de surpresa. Os mais diferentes setores da economia foram afetados, e muitos ainda continuam sendo. O transporte rodoviário de cargas (TRC) não é diferente: como a NTC&Logística incansavelmente acompanhou, o segmento de transporte mais importante do Brasil sofreu nos primeiros meses de pandemia e isolamento social. De acordo com dados obtidos pelo DECOPE e divulgados em lives da NTC durante todo esse ano, o TRC chegou a sofrer uma queda na demanda de carga geral de 45,2% na semana entre os dias 13 e 19 de abril. Além disso, a entidade também mostrou que 83% das empresas tiveram queda em seu faturamento.
O estrago para toda a economia foi grande, e só não foi maior graças ao trabalho do transporte rodoviário de cargas, que mesmo diante de inúmeras dificuldades continuou trabalhando, foi reconhecido como setor essencial e manteve o Brasil abastecido durante todo esse período de pandemia. Muito desse sucesso se deve ao esforço realizado aqui na NTC&Logística, onde, juntamente com os colaboradores, realizamos uma verdadeira força tarefa para fornecer as mais diversas informações jurídicas, técnicas e lúdicas aos associados e a toda a comunidade empresarial de transporte de cargas. Na parte política, trabalhamos intensamente na apresentação de emenda a parlamentares para que incluíssem nosso setor nos benefícios das medidas provisórias, surtindo assim efeitos imediatos em toda a comunidade transportadora para que pudessem manter seus negócios sustentáveis e seguros.
Apesar de o governo ter se esforçado para amenizar as dores financeiras do setor, as empresas menores tiveram dificuldades de chegar ao crédito disponibilizado. Nas mais diversas plataformas financeiras, os operadores desse tipo de crédito nem sempre estão ao alcance do pequeno empresário, categoria na qual eu me enquadro. As taxas reduzidas as quais o governo se esforçou para disponibilizar não chegaram até os empresários menores.
Passados mais de oito meses desde o início da pandemia, percebo que o momento trouxe diversas lições para nós empresários. Algumas dificuldades apresentadas nos fizeram valorizar as pessoas e nos fizeram entender mais uma vez que os indivíduos são a base dos negócios, que sem eles não temos a prestação de serviços necessários. Essas dificuldades serviram também para mostrar a importância do nosso setor e para valorizar o nosso pessoal, nas entidades e empresas: mesmo sujeitos à contaminação pela covid-19, entenderam a necessidade apresentada e continuaram fazendo seus trabalhos com o objetivo de manter a população resguardada no conforto de seus lares.
Na MR Express, empresa em que atuo como diretor, trabalhamos com o setor de embalagens para produtos alimentícios, higiene e limpeza, e apesar das dificuldades apresentadas pela pandemia com isolamento social, diminuição no número de funcionários e maiores cuidados de higiene, tivemos um aumento na demanda devido ao maior consumo residencial. Porém, atuante nas entidades, percebi de perto os impactos do vírus e estou acompanhando atentamente os desdobramentos políticos e econômicos. Acredito que há, sim, uma retomada em curso e estamos em uma fase de alicerce. Dessa forma, o governo precisa sustentar as bases para podermos ter um fortalecimento dos pilares econômicos e consequentemente um crescimento do transporte rodoviário de cargas.
Para 2021, acredito que as reformas tributárias e administrativas devam ganhar força, já que o movimento nesse sentido é muito forte e promissor. Assim, se conseguirmos que os políticos aprovem essas reestruturações, teremos mais segurança para os investimentos em mercados produtores, impactando positivamente o setor de transportes e criando um movimento de crescimento acelerado. Apesar do ano difícil, acredito que estamos no caminho certo.
Autoria: Marcelo Rodrigues (*)
Data: 01 de janeiro de 2021
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(*) Fundador e CEO da ADS Logística Ambiental; Vice-presidente da FuMTran.