Mobilidade como fator de desenvolvimento nacional
Como gerar, mobilidade a partir do que já se tem consolidado no planejamento e gestão de transporte e trânsito em áreas urbanas, para alcançar o país como um todo e, com a perspectiva de ultrapassar fronteiras?
A opção por políticas públicas privilegiando expansões planejadas, por exemplo de sistemas ferroviários de transporte, em especial em atendimento ao de passageiros, tem-se revelado positivamente decisivas em países do Hemisfério Norte. No Japão, os trens de alta velocidade já eram estudados na década de 1950. Os europeus começaram nos anos de 1960. Já os chineses, nos últimos vinte anos, vêm apostando com ousadia e grande eficiência nas tecnologias desenvolvidas a partir da Europa.
A história mostra que, desde o século XIX, o uso do petróleo para diversos fins contribuiu em muito para sua disseminação e até meados dos anos 1950, era acessível em todo o mundo, sendo até de menor relevância os valores praticados na comercialização de seus derivados. O aumento indiscriminado dos preços do petróleo e seus derivados, a partir de 1973, associado à crescente dependência no Brasil em razão da opção por privilegiar, na matriz nacional de transporte rodoviário, implicou impactos diretos e indiretos no denominado “custo Brasil”, pelo aumento do consumo e a crescente dificuldade para sua redução.
Por outro lado, a prioridade ao modal rodoviário implicou o desmantelamento do transporte ferroviário de passageiros, entre 1970 e 1990, com a priorização de concessões da malha ferroviária voltadas para o transporte de cargas. Os efeitos dessa política perduram até hoje e, mesmo o transporte ferroviário de carga, focado no atendimento às commodities, ainda carece de investimentos para resgatar parcela representativa na matriz do transporte nacional.
A reação da sociedade civil, contando com instituições agregadoras de profissionais de diversas áreas de atuação, técnica, tecnológica, jurídica, administrativa, entre outros setores, têm-se manifestado organizando-se no sentido de produzir estudos, avaliar propostas e decisões estratégicas em transporte, preocupadas na direção de acelerar o desenvolvimento nacional, com foco na modernização e ampliação do uso ferroviário em todo o país, com destaque para o retorno dos trens de passageiros.
Exemplos dessa mobilização são as ações do Instituto para o Desenvolvimento de Sistemas de Transporte – iDESTRA e do Grupo de Estudos de Trens de Alta Velocidade – GETAV, com foco especial no transporte de passageiros em nível nacional.
Diante da busca da viabilidade tecnológica na definição de prioridades regionais, avaliações diversificadas nas questões econômico-financeiras, e considerando a urgência social vigente em todos os cantos da nação, a implantação de trens de alta velocidade para transporte de passageiros de longa distância tem potencial para ser vista como uma das soluções de referência na realização de política de desenvolvimento sustentável.
Os benefícios econômicos, financeiros e sociais, associados à implantação desse sistema, por exemplo, pelo atendimento a conexões de cidades densamente povoadas, potencializam polos de desenvolvimento econômico e social, impulsionando a retomada do crescimento econômico nacional, vetor de melhoria do índice de desenvolvimento humano do país, com impactos diretos na ampliação das oportunidades de investimento, na oferta de emprego e consequentemente promovendo o aumento do produto interno bruto.
Autoria: Cyro Laurenza *
Data: 01/01/2020
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(*) Engenheiro Civil; Presidente do conselho iDESTRA