O que é preciso fazer

Nos subsídios por mim fornecidos para a Mensagem Presidencial do ano 1921 dizia o seguinte:

“Prosseguiram com atividade os trabalhos de construção das obras necessárias para o fechamento das linhas de subúrbios e supressão das numerosas passagens de nível, que constituem sérios embaraços para a segurança da circulação dos trens. São obras preliminares indispensáveis para que se possa iniciar a eletrificação das linhas, única providencia verdadeiramente capaz de aumentar a capacidade de tráfego na proporção exigida atualmente pelo surto de progresso e de desenvolvimento que se nota em toda a zona suburbana.

A eletrificação das linhas referidas e mais da linha tronco até Barra do Pirai e dos ramais de Santa Cruz, Paracambi e S. Paulo, velha aspiração de todas as administrações que se tem sucedido desde o governo progressista do benemérito presidente Rodrigues Alves, vai dentro em breve se tornar uma realidade, com a execução do disposto no decreto legislativo n.º 4.199 de 30 de novembro de 1920.

Já está sendo concluído o programa da execução dos serviços e elaborado o projeto das obras, dentro de poucos dias será publicado o respectivo edital de concorrência pública, em o qual será incluída uma cláusula referente a organização do projeto de uma nova estação inicial de passageiros, obra que se faz necessária em vista do extraordinário aumento verificado no número de trens que chegam e partem desta Capital”.

São passados cerca de 20 anos desde que enviei estas informações, e vejo com satisfação que a eletrificação do trecho suburbano já está em pleno funcionamento e que dentro em breve a nova estação será também inaugurada, mas estes melhoramentos representam uma parcela diminuta do que a Central do Brasil reclama há muito tempo.

É preciso terminar a eletrificação dos ramais de Santa Cruz e Paracambi, do trecho da Serra do Mar até Barra do Piraí e do trecho suburbano do ramal de São Paulo.

É preciso terminar a duplicação das linhas do ramal de São Paulo.

É preciso continuar o prolongamento de Montes Claros até a ligação com a rêde baiana.

É preciso não continuar com a ponta de trilhos estacionada depois de ter atravessado o rio São Francisco.

É preciso alargar o trecho suburbano da Linha Auxiliar e eletrificá-lo.

É preciso construir a estação de embarque de minérios e descarga de carvão, em ponto escolhido no porto do Rio de Janeiro.

É preciso aparelhar convenientemente as estações para a carga e descarga rápida de mercadorias, e construir estações de triagem em locais convenientemente escolhidos.

É preciso reformar o material rodante e de tração antiquado, pois este não pode ser eterno.

É preciso aparelhar as oficinas de modo a poder conservar e reparar em condições todo o material existente.

Como se vê, o trabalho que se espera dos atuais engenheiros da Central do Brasil não é pequeno, e tendo a REVISTA FERROVIÁRIA pedido para enviar algumas linhas para um dos seus números, lembrei-me em pedir que esta fosse o porta-voz dos antigos engenheiros da Estrada junto aos que lhe sucederam, para que estes, examinando as aspirações dos velhos engenheiros, procurassem leva-las ao seu termo, de modo que a Central do Brasil pudesse ocupar o logar que lhe compete, de primeira entre as primeiras estradas de ferro do Brasil.

 

Autoria: Joaquim Assis Ribeiro*

Data: 01 de agosto de 1940

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(*) Ex-diretor da E.F. Central do Brasil; ex-diretor da Great Western