Que venham os próximos 70 anos
Basta observar o passado para perceber como nos agigantamos no campo aeronáutico. Dos primeiros aviões da Escola de Aeronáutica, no Rio de Janeiro, aos modernos sistemas de interligação de dados das aeronaves, de sensores e de armamentos de hoje, houve um crescimento acentuado, muitas vezes surpreendente, na capacidade e no potencial da Força Aérea Brasileira.
Em 70 anos, por exemplo, a Aviação de Caça saiu dos potentes motores à combustão para os modernos jatos supersônicos, ao mesmo tempo em que a indústria aeronáutica nacional ganhou um estratégico espaço no cenário global e hoje exporta aviões brasileiros para o mundo.
As mudanças e o próprio presente são resultados das decisões acertadas e das experiências de todos os homens e mulheres que participaram dessa caminhada, sobretudo daqueles que ajudaram a sinalizar o caminho. Agradeço a todos pela herança deixada porque, hoje, podemos começar de um ponto mais elevado os próximos capítulos.
Deixo à Aerovisão a missão de retratar o passado, enquanto olho para as próximas décadas.
A capacidade de antever o futuro é atributo fortemente requerido por toda instituição que semeia para o porvir. Vislumbrar o cenário desejado, alocar metas convergentes, modelar atitudes de perseverança e de disciplinamento intelectual são requisitos que levam à obtenção de resultados consistentes, que permitem dotar de realidade o futuro concebido.
Estas são posturas próprias da Força Aérea Brasileira, ciente e zelosa no cumprimento de sua destinação constitucional, em atuação respaldada na Estratégia Nacional de Defesa para paginar o seu futuro de grandeza e de efetividade.
É nesse intento que o Comando da Aeronáutica formulou o seu Plano Estratégico Militar, que aglutina metas estruturantes, agrega valor combatente e difunde poder e capacidade de fazer a uma conjuntura projetada para 2031, perpassando um período de vinte anos de afirmação e de exercício de vontade.
O desenho de futuro que traçamos guarda identidade com a celeridade de nossa própria evolução.
Novos helicópteros de ataque, aviões de transporte, de caça, de patrulha, de reconhecimento, além de armamento inteligente e de investimentos na qualificação de recursos humanos fazem parte dessa agenda de trabalho para garantir defesa, para promover segurança, para dissuadir pela percepção de fortaleza e alcance que reveste as nossas asas.
Acrescentam-se a isso as ações fomentadas para a necessária mobilidade, a fim de apoiar eficientemente as unidades aéreas, quando desdobradas em locais desprovidos de infraestrutura básica. A suportabilidade logística, em seus variados aspectos, é característica essencial em uma Força Aérea moderna.
A concebida ativação de novas bases aéreas na Amazônia Ocidental tem suporte nas diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, que prevê, primordialmente, o aumento da presença e do poder dissuasório naquela região.
Esta ação relaciona-se diretamente com a criação de novos Pelotões de Fronteira do Exército Brasileiro, na medida em que caberá à Força Aérea Brasileira um maior esforço no imprescindível apoio aéreo na parte médico-hospitalar, de transporte de alimentos e logísticos a esses Destacamentos, bem como provimento das necessidades de projeção de poder e de pronta resposta aos ilícitos ocorridos nos pontos mais remotos da Amazônia.
No que tange à Amazônia Azul, a recente descoberta de petróleo na camada pré-sal e a importância da preservação de nossas riquezas robusteceram a necessidade de uma ampla parceria com a Marinha do Brasil, convergindo esforços de vigilância na repressão a ilícitos marítimos e na segurança da navegação.
Contemplamos, também, o aperfeiçoamento do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), recobrindo todo o país com radares e com malha de comunicações, integrando o seleto grupo de nações que discute hoje o controle de aeronaves no amanhã, feito a partir de satélites.
No campo espacial, o projeto de veículos lançadores de satélites conta com um centro de lançamento cada vez mais modernizado, fundamental para alavancar o Brasil em seu processo de independência tecnológica, científica e econômica. Conhecimento é a moeda do futuro, e a ciência, tecnologia e inovação praticadas no Comando da Aeronáutica geram, continuamente, fatos portadores de futuro.
O acervo crescente de equipamentos no período compreendido entre 2010 e 2031, aliado às novas características tecnológicas das aeronaves que comporão a frota da FAB, projeta a necessidade de aumento do efetivo, não só em relação ao número de tripulantes e mantenedores, como também no que tange às inúmeras atividades complementares para o cumprimento das missões atribuídas à Aeronáutica, como àquelas afetas ao apoio ao homem, nas suas condicionantes de saúde, moradia e disponibilidade para o trabalho.
Qualificar adequadamente os nossos recursos humanos é de importância basilar, pelo quanto induz desempenhos à altura de nossas expectativas para o atendimento a demandas cada vez mais diversificadas.
Mesmo com uma história de sucesso, novos desafios e ameaças surgirão no futuro da Aeronáutica, assim como novas oportunidades para o engrandecimento do papel da Instituição como um dos personagens da sociedade brasileira.
Responder aos desafios, suplantar as ameaças e aproveitar as oportunidades conformam o caminho que garantirá ao Comando da Aeronáutica uma atuação duradoura e consolidada na geração de futuro.
Evidencia-se, portanto, a fundamental importância do Plano Estratégico Militar da Aeronáutica, em consonância com a Estratégia Nacional de Defesa, para o aparelhamento da Aeronáutica, para o desenvolvimento da indústria nacional de defesa e para a consecução dos objetivos maiores do nosso país.
O Brasil caminha para consolidar uma posição de destaque no cenário internacional, e a Aeronáutica está pronta a defrontar o porvir.
Não obstante, com o tanto que já aprendemos, temos muito ainda a realizar.
Que venham as próximas décadas!
Autoria: Juniti Saito *
Data: 01 de abril de 2011
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(*) Tenente-Brigadeiro-do-Ar; Comandante da Aeronáutica