Reflexões sobre o destino do Brasil

Todos os brasileiros, independentemente de raça, credo religioso, ideologia, situação econômica, posição social, têm um compromisso comum: participar da defesa permanente dos superiores interesses da Pátria e contribuir para a sua grandeza.

Categoria há, contudo, que, pelas circunstâncias profissionais, parece se identificar de modo muito concreto e vivo com a realidade nacional, dela extraindo, de forma autêntica, conceitos e compromissos para cumprir a obrigação comum de cidadania.

Refiro-me aos transportadores rodoviários. Ônibus e caminhões cruzam dia e noite o Brasil, de leste a oeste, de norte a sul, transportando pessoas e bens. Nessa atividade, os transportadores convivem de forma direta com as distintas realidades brasileiras. Vêem um Sul desenvolvido e próspero, na agricultura, na indústria, nos serviços. Vêem um Centro-Oeste amplo de possibilidades e de oportunidades, especialmente no setor rural, com abundância de terras e regularidade de clima. Vêem um leste urbanizado e industrializado, com suas metrópoles, suas diversidades, encantos e utopias. Vêem um Nordeste densamente povoado, cheio de desafios, em suas Capitais, centros interioranos, sertões e caatingas, lutando contra adversidades climáticas e limitações de recursos naturais. Vêem uma Amazônia imensa, com suas florestas e rios caudalosos, população reduzida e rarefeita, iniciando processo de ocupação econômica e de integração, com amplas e ainda não de todo conhecidas possibilidades de riquezas, a serem exploradas em favor dos brasileiros, começando pelos seus caboclos.

E porque assim convivem com o Brasil real, que nem sempre corresponde ao modelo formal ou do discurso, é que os transportadores sabem onde se acham os verdadeiros problemas nacionais, em suas causas e efeitos, identificam e buscam soluções e, invariavelmente, não perdem jamais a confiança e a fé em nossos destinos.

No mosaico brasileiro, com a diversidade de caracteres, etnias, crenças, níveis regionais e pessoais de renda, um ponto comum nos une como cidadãos: o desejo de desenvolvimento com liberdade e com justiça.

Queremos o desenvolvimento porque, habitando um vasto continente, exuberante de recursos naturais, não seríamos dignos do desígnio divino nem do esforço dos nossos bravos antepassados – que nos legaram com a audácia e determinação a imensidão do nosso território – se admitíssemos conviver com a pobreza, a miséria, o desemprego, o abandono, o desencanto. Para vencermos esses desafios, o caminho é o do trabalho, da seriedade e da perseverança, sejam homens públicos, empresários, trabalhadores, intelectuais, estudantes e donas de casa, em convívio harmônico, alegre, saudável e patriótico.

Queremos o desenvolvimento com liberdade porque não renunciaremos nunca a esse bem fundamental. Não aceitaremos jamais sermos objeto do Estado e de instituições totalitárias. Somos sujeitos de nossa História e do nosso destino. Somos nós que faremos e que controlaremos o Estado, para nos servir, não para ser servido.

E finalmente queremos justiça para todos os brasileiros. Igualmente de todos perante a lei. Igualdade de oportunidades. Justiça social, com a promoção econômica e social dos menos afortunados, assegurando-se-lhes condições de vida compatíveis com a dignidade humana e com o privilégio de haverem nascido brasileiros.

O Brasil e seu povo – diz-nos nossa história – acham-se vocacionados para a tolerância, a paz, a fraternidade, o progresso e a alegria. Sigamos o curso dessa vontade nacional. Os que, desavisadamente, remam contra, dentro do Governo ou no seio de nossa sociedade, um dia perceberão do seu equívoco e voltam a seguir conosco para a grande comunhão que o destino os reservou.

Autoria: Luiz Carlos de Urquiza Nóbrega *

Data: maio de 1987

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(*) Secretário executivo da CNTT