Segurança de Tráfego é uma das Formas de Lucro
Ninguém ignora que as empresas de transporte rodoviário, principalmente as de carga, enfrentam problemas da mais variada espécie. Mas também é sabido que dentre eles dão prioridade aos de produção e aos financeiros, descuidando-se por completo de outros, tão importantes quanto aqueles. Um exemplo é o problema da segurança de tráfego nas rodovias.
Isto não é um fenômeno isolado. Assim como a nossa empresa, inúmeras outras confessam o fato, cuja evidência surge quando dos acidentes rodoviários, dos atrasos na chegada ao destino dos veículos carregados, da pouca proteção à carga transportada ou aos próprios motoristas, ou na precariedade do atendimento aos veículos.
É pacífico que tudo isto se constitui em uma permanente dor de cabeça e que dá origem tanto prejuízos materiais diretos, quanto a indiretos, como perda de clientes, repercussão negativa sobre o bom nome da empresa, gastos elevados nos socorros e outros que nos escapam à lembrança.
Na atual conjuntura, e comercialmente falando, é impossível a qualquer de nossas empresas manter um dispositivo mínimo tal, capaz de dar uma cobertura efetiva de proteção e segurança ao tráfego. Entre outras razões alinham-se as longas distâncias que separam filiais e agências, as dificuldades de comunicações, quando estas existem, e a extensão dos percursos cobertos pelo sistema rodoviário.
Logo, se não existe uma só empresa capaz de manter um dispositivo de tal vulto, a solução está em saber quantas seriam necessárias para, conjugados seus esforços e recursos, dispor de um sistema de efetiva segurança. E quem poderá negar que uma conjugação dessa espécie não seja viável e até mesmo a fórmula única?
Assim pensando é que a NTC, os Sindicatos e Associações da classe sempre tiveram entre seus objetivos a longo prazo equacionar o problema de forma prática. Inicialmente, a NTC provocou reuniões preliminares no sentido da formação de um sistema cooperativo ou da constituição de uma sociedade anônima. Entretanto, na ocasião surgiram dificuldades provenientes de diversos pontos de vista antagônicos e não conciliáveis, de forma a poder concretizar a ideia.
Contudo, estava lançada a semente. E como toda boa semente, germinou. Assim é que a de nossa ideia empresarial surgiu uma organização privada, propondo-se a oferecer os serviços tão desejados pelas empresas.
Nela integraram-se de início alguns transportadores, aos quais cabe a orientação da política de desenvolvimento e homens estranhos, porém já relacionados com os aspectos setoriais do transporte rodoviário, que se incumbirão da parte executiva.
Tão logo os serviços de proteção estejam sendo executados em um nível mínimo aceitável, é propósito dos fundadores abrirem o acesso ao capital da firma a todas as empresas rodoviárias que desejem. Com isto objetivam demonstrar que o intuito do lucro pelo lucro está em segundo plano e a meta a atingir é dar segurança total de tráfego, cobrindo assim essa lacuna ora existente em todas as organizações.
Como todo empreendimento pioneiro, embora não aventureiro, pois sua utilidade está plenamente comprovada, encontra dificuldade para fortalecer-se no ritmo desejado. Mas nem por isto deixamos de observar, com satisfação, que de mês para mês aumenta o número de empresas em apoio à ideia, dado que o movimento vem crescendo em um percentual bastante satisfatório.
Os planos dessa firma aglutinaram os pontos de vista de objetivos fixados pela classe nas diversas reuniões realizadas. Oportuno, porém, é relembrá-los.
Imediato socorro aos veículos em caso de acidentes e controle daqueles, quando em viagem. Fiscalização dos caminhões parados através a cobertura permanente, por setores, feita por meio de utilitários. Utilização de rádio comunicações. E uma série de outras medidas que definem a total segurança de tráfego.
Mas que para tudo isto se projete nas condições mínimas requeridas, impõe-se que a compreensão e a adesão das empresas se façam presentes, a fim de que se amplie o campo de recursos necessários ao desenvolvimento do plano existente. Que é gigantesco. E a nosso ver, capaz de em breves anos transformar a iniciativa de hoje em uma obra de vulto, só concebida até agora em termos de sonho.
Se hoje temos dificuldades insuperáveis em nossas empresas para controlar os veículos, que sob nossa responsabilidade circulam nas rodovias, eis aí a solução. Basta que as empresas procurem conhecer o que já foi feito por esse grupo de homens, o que eles pretendem fazer e, após isto, que os prestigiem, apoiando-os.
E o mais interessante é que isto nada custará às empresas. Paradoxalmente, tal, vem se constituindo em um obstáculo inicial à adesão. E se algum erro existe numa organização desse vulto talvez seja o de dar sem cobrar.
Autoria: Orlando Monteiro *
Data: 01 de julho de 1967
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(*) Membro fundador e primeiro presidente da NTC; Pioneiro do TRC; Sócio-gerente da antiga Expresso Santo Antônio Ltda.